Cientistas brasileiros e norte-americanos usaram as mais modernas técnicas de neuroimagens para analisar o cérebro de médiuns brasileiros.
Os estudos foram feitos durante sessões de psicografia, uma forma de comunicação em que o espírito de uma pessoa já falecida escreve por meio das mãos do médium.
A nova pesquisa revelou resultados intrigantes da atividade cerebral, como um estado descrito pelos cientistas como "dissociativo".
Os médiuns mais experientes apresentaram uma redução na atividade cerebral, apesar do complexo conteúdo escrito produzido por eles.
Os resultados foram publicados na revista científica PLOS ONE.
Ciência e mediunidade
Segundo ele, a partir destas primeiras constatações, novos estudos sobre o assunto deverão começar a ser feitos.
Foram analisados 10 médiuns, cinco deles classificados como "experientes" e cinco como "menos experientes".
Todos receberam uma injeção de um marcador radioativo (radiofármaco) para capturar sua atividade cerebral durante processos normais de escrita e durante a prática da psicografia, que envolve um estado similar ao transe.
Os médiuns foram analisados usando um exame chamado SPECT (single photon emission computed tomography, tomografia computadorizada por emissão de fóton único), que é capaz de registrar as áreas ativas e as áreas inativas do cérebro a cada momento.
Transe mediúnico
As áreas do lobo frontal estão associadas com o planejamento, raciocínio, produção da linguagem, movimento e resolução de problemas.
Os cientistas levantam a hipótese de que isto reflete, durante o transe mediúnico, uma ausência de foco, autopercepção e consciência durante a psicografia.
Já os médiuns menos experientes apresentaram exatamente o efeito oposto, o que os cientistas sugerem estar associado ao maior esforço que eles fazem para executar a psicografia.
Avaliação neurocientífica da mediunidade
Os textos psicografados foram analisados pelos cientistas, que verificaram que os textos produzidos durante o transe mediúnico apresentaram complexidades maiores do que aqueles produzidos espontaneamente pelo próprio médium para referência, que não eram oriundos de psicografia.
Em particular, os médiuns mais experientes produziram textos com maiores pontuações no quesito complexidade, que normalmente exigiriam mais atividade no córtex frontal e temporal - exatamente o oposto do que os exames verificaram.
O conteúdo produzido durante as psicografias versava sobre princípios éticos, a importância da espiritualidade, e a aproximação entre ciência e espiritualidade.